jueves, 10 de diciembre de 2009

Telefone da Esperança dá apoio a quem vive triste (Jornal de Noticias)

Voluntários que recebem chamadas só iniciam atendimento após formação-base de 150 horas.

Solidão, incomunicabilidade, depressão. Estes são os casos que mais frequentemente fazem tocar o Telefone da Esperança. Do lado de lá, há uma voz sábia para dar alívio a quem já só se vê a resvalar para um poço sem fundo.

Em tempo de crise financeira, os problemas sociais surgem por arrastamento, gerando situações de grande aflição pessoal. Para dar apoio a quem se encontre em situação de desespero, foi criada, há quase um ano, uma linha telefónica especial: chama-se Telefone da Esperança (TE).

Do outro lado do 222030707 há sempre quem saiba ouvir e aconselhar, um "agente de ajuda" que passou por um longo e exigente curso de formação especializada.

"O Telefone da Esperança é a associação de voluntariado que maior exigência tem na formação da equipa que presta o atendimento telefónico", disse ao JN Abel Magalhães, psicólogo e presidente do Telefone da Esperança.

"Trabalhamos em regime de voluntariado, mas ninguém começa a fazer o atendimento telefónico sem ter passado por uma formação de base de 150 horas", referiu.

É que são muitos os problemas que chegam ao 222030707. Segundo Abel Magalhães, a solidão e a incomunicabilidade lideram o conjunto de problemas de ordem psicológica que originam a procura do TE. Depois, por ordem decrescente de volume de chamadas, seguem-se a depressão, transtornos psíquicos, suicídio, stresse e crise vital, entre outros.

Estes problemas coincidem com os mesmos que no conjunto dos 24 centros do TE espalhados pelo país vizinho - de onde este projecto é originário - são registados.

"Do trabalho já realizado nos 24 centros hoje existentes ressalta que 66,7% das chamadas que nos chegam devem-se a uma necessidade intrínseca de falar com alguém que me escute, necessidade de desabafar, descarregar uma carga que me abafa, me rouba a liberdade de respirar fundo'", referiu o presidente do TE.

Assim, escutar o outro é o principal papel daquela associação de voluntariado. Abel Magalhães aponta para um cartaz onde, em letras gigantes, está  a máxima que orienta a actividade do TE: "Escutar é talvez o mais belo presente que podemos dar a alguém".

Para além da formação-base necessária para fazer o atendimento telefónico (que inclui a abordagem dos temas "Crescimento Pessoal", "Comunicação" e "Relação de Ajuda"), o TE oferece, para a comunidade em geral, vários cursos e workshops sobre os temas "Assertividade e Relações Humanas", "Autonomia Afectiva", "Aprender a Viver com a Doença", "Separação Afectiva" e "Conviver com o Luto", entre outros.

A qualidade dos cursos de formação - orientados por formadores especializados oriundos de Espanha - faz com que sejam muito procurados, principalmente por estudantes e professores universitários das áreas da Psicologia e Sociologia.

"Das mais de 200 pessoas que passaram pelos programas de 'Formação de Base do TE', apenas uns vinte e poucos se apresentam, agora, corajosamente disponíveis para dar a cara", revelou Abel Magalhães. O presidente do TE lamenta que a formação seja procurada por muitas pessoas mais interessadas em "construir" currículo do que a disponibilizar-se para o voluntariado.

Por essa razão  é que a linha telefónica só funciona, durante os sete dias da semana, no período das 20 às 23 horas, para dar o seu apoio confidencial, especializado e gratuito.

FERNANDO BASTO

publicado a 2009-11-22

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